sábado, junho 17, 2006

Imagem para o texto abaixo de Fabiana Borgia.


Dedicada também aos pais, mães e filhas de Jesus no coração
e uma cobra venenosa no lugar de útero.
fodam-se.

quinta-feira, junho 15, 2006



Menina, deixa de insônia, olha pra foto do Paulo e vai dormir!
Ele por si só, já é pura poesia.
Bons sonhos!

terça-feira, junho 13, 2006

E quem não gosta? Fica como?


(postado por Roberta Nunes, totalmente desconfortável nesta camisetinha baby-look-verde-amarela...)

É praticamente impossível não falar de futebol, Copa do Mundo, “brasilidade”.
A quantidade de pessoas (inclusive eu) vestidas com camisetas do Brasil, Eu Amo o Brasil, é incrível.
Tá, vocês podem dizer, que eu, Roberta, não gosto de futebol.
É, eu não gosto mesmo.
Detesto.
Odeio Copa do Mundo.
E sabia o placar de todos os jogos de ontem, e os respectivos marcadores.
Mas, como fazer pra fugir disso?
Se você se isola, não é patriota.
Se você reclama, é pessimista.
Se eu não arranjasse uma camisetinha com dizeres amorosos, que é baby-look, pra servir pra minha filha depois, eu não poderia entrar no trabalho hoje.
Pode?
Claro que pode!
É Copa do Mundo, ué!
C-O-P-A-D-O-M-U-N-D-O.
Pode-se fechar todas as ruas de um bairro pra pintar o chão, os muros, as árvores.
Pode-se, de repente, esquecer todas as situações vergonhosas que o país tem passado ultimamente, inclusive na área esportiva, inclusive no futebol, em prol dessa Copa.
O país pára.
O Brasil normalmente só funciona depois do carnaval.
Ano de Copa do Mundo?
Esquece, o Brasil só vai funcionar depois do próximo carnaval.
Isso é uma questão social?
Antropológica?
Existencial?
Nada.
É gosto mesmo.
E eu?
Bom, eu vou aproveitar a folga, arrumar o guarda-roupa, tirar uma soneca.
Os rojões vão me dizer qual o andamento do jogo.
Ser penta-campeã mundial de futebol não muda a minha rotina, as contas vencem e os problemas aparecem da mesma forma.
Será que, sendo hexa, isso muda?

13/06/2006
Dia de santo Antonio (não que isso seja importante)

segunda-feira, junho 12, 2006

Foto retira do filme "O segredo de Brokeback Mountain"

AMOR FORA DA LEI

“As leis não bastam. Os lírios não nascem das leis”. Carlos Drummond de Andrade

Tenho o nome da mãe de um filósofo famoso por não acreditar no amor. Sou Johanna, aquela que nasceu sob proteção de Vênus, Afrodite, Frigga e Santo Antônio de Pádua. Amor é o meu signo.

"Ame o seu próximo". "Ame incondicionalmente". "O amor é cura". "É só o amor que conhece o que é mentira e o que é verdade."

Não fui eu a criadora dessas frases que brotam das bocas como lírios em campos férteis e morte certa no primeiro despetalar sobre as concepções que elas podem assumir. Peguei-as emprestado quando esbarrei por acaso e de caso pensado nos muitos “eu te amo” que havia no meio da ladeira percorrida antes de chegar aqui para dizer que hoje, 12 de junho, desejo falar de amores que não ilustram outdoors, nem brilham em horário nobre.

Devido a influência astral, é enorme minha necessidade de amar, até mesmo quem não me ama, amo. O que não me impede de ser seletiva e escolher quem levar ao Fensalir. Por culpa do meu excesso, falta em outras o amor. E para não ficar um buraco, as pessoas preechem com coisas que tem em abundância. Minha vizinha, por exemplo, preencheu com o ocupar-se da vida alheia.

A danada com feição de Suzane Von Richthofen arrependida, só foi feliz quando descobriu e pode denunciar um prazer que desejava ter e não tinha: um amor fora da lei. Poupando detalhes sobre a circunstância da descoberta, agora que todos sabem, não tenho mais motivo para esconder meus dois amores.

Sou casada com homens maravilhosos, mas a folha A4, desproporcionalmente menor que meu coração, só tem espaço para um, então o outro, vive na clandestinidade, apesar de dividirmos os três a mesma cama extra reforçada para o nosso amor Ágape.

Procuro ser sempre correta em minhas decisões, meu único crime, foi não amar segundo o que reza a lei do matrimônio, prefiro as rezas que eu mesma invento.

Por não nos enquadrarmos no que pede a lei, fomos abrigados a omitir fatos, o marido que não estava no papel, transformou-se num amigo estudante, hospedado provisoriamente enquanto pesquisava para sua tese de doutorado: “O amor em suas fases e faces”.

Não gosto de mentir, ou gosto, agora já nem sei, mas em alguns casos, é inevitável. Aliás, é mais do que isso, é um ato de amor. Quando, por exemplo, os meninos passavam em casa de carro no sábado á tarde, eu dizia para minha mãe que ia tomar um sorvetinho. Se dissesse a verdade, ela ia ter um "treco" e fazer a mãe ter um “treco” não é um ato de amor.

A sorveteria chamava-se Pussycat, ficava ou fica na rua Maranhão, 600 Praia Azul - Americana. Hoje não sei se ainda existe, na época era bem legal, tinha piscina com cascata, sauna, cama redonda que girava, etc., e o bom era que ficava tudo a preço de sorvete mesmo, já que a conta era dividida entre dez e quinze pessoas.

Devo as saídas à sorveteria e ao muito bajular Santo Antônio, os amores que hoje cultivo. Me apaixonei quando vi os dois se beijando e pedi para ser amada com a mesma intensidade.

Eles disseram sim e assim acertamos o andamento de nossos metrônomos para um só pulsação. Somos trifelizes e podemos acolher com afeto e responsabilidade uma criança sem lar, se a língua que a vizinha não sabe fazer bom uso, não atrapalhar o processo de adoção e o juiz for sensível o bastante para entender que o coração ocupa o espaço em que a razão não chega.

A todos que temos nossos amores fora da lei, o dia de comemorar não tem data marcada.

domingo, junho 11, 2006

HAIR PLACE



Aa garota me pegou de jeito, um broto, uma neguinha, nunca tinha comido uma neguinha, não por racismo, mas por não ter encontrado uma negra que fosse branca.

Pois é. Dia de domingo. Véspera de dia dos namorados, eu, como sempre apenas um cara solitário, atrás do dinheiro, atrás do amor.

Ela me pegou de jeito. Com samba no pé. Com aquelas sandálias de prata em seus pequenos pés de unhas vermelhonas e fungosas. Como era linda a minha neguinha. O fato é que me pegou de jeito e disse que meu cabelo ariano era ruim. Cantei uma música brega e tentei pular pela janela, como fiz na Argentina. Mas era alto pra caralho.

O fato é que me colocou no banho e chamou uns amigos umbandistas para a cozinha. Preparam algo que ia alho e bacalhau. Confundindo datas. Maldita cerveja sem álcool. E jogou a mistura na minha cabeça, enquanto me obrigava, com uma .38 na têmpora esquerda ( reparei que o chuveiro era lorenzetti), a lavar cada um dos negões e sempre deixer o sabonete cair. Broto sem juízo, essa nenguinha.

Pedi para ser levado ao forno, mas só tinha de barro. Prefiro "ofurô". E depois pegou todos seus produtos capilares de revistinha que também vende Virgen Again, e misturou num pote de maionese pop art e cabum; lançou nas minhas madeixas apolíneas. Os negões me chamando de Sansão Molhadinho.

E lá se foram os blacks powers com seus parceiros Panteras Negras.

Figuei eu e a neguinha, que disse que não tem rum pra ex-bêbado em casa, mas tem batida de bacalhau otário. Sou eu. Vim aqui dizer que estou fedendo, vestindo uma malha platinada, das guerras latino-americanas, fumando um charuto e rezando muito, como sempre faço.

Quando me libertar, conseguir fugir daqui, oh vida, publico fotos inéditas de como ficaram meus cabelos.

Se ficaram.

Agora a neguinha colocou música francesa. Vou lá. Edith Piaf também era uma pessoa noir.

Beijos.