terça-feira, janeiro 16, 2007

E sigo em frente...


(postado por Roberta Nunes, furiosa...)

Odeio você.
Odeio fazer o que você me obriga.
Odeio ser o que você me obriga.
A cada amanhecer, odeio o que vejo no espelho,
O olhar, as olheiras.
O cheiro do seu suor, estagnado, na minha pele.
O gosto da sua boca, no meu hálito matutino, impregnando os sonhos
que eu (ainda) alimento.
Não
posso
mais
ver
o
reflexo ,
então ,
com
os
punhos,
fiz
cacos
do
espelho,
milhares
de
olhos
brilhando,
gotas
da
água
do
chuveiro,
gotas
de
sangue
dos
meus
pulsos...
a dor na garganta é intensa, e o grito, contínuo.
Não deixo a lágrima cair, não desta vez.
“Meu olhar vagabundo de cachorro vadio
Olhava a pintada e ela estava no cio
E era um cão vagabundo e uma onça pintada
Se amando na praça como os animais”...**
Você repete Alceu, no pé-do-ouvido.
Duvido.
Grito pra lua, maldita cadela, maldita fome:
Foda-se.

“( ...) - Venha aqui, garota, e me dê um beijo.
- Um beijo? – ela gritou histericamente. – Você pensa em beijos numa hora dessas?
A risada dele soou acima dos baques e estalidos das velas, quando a ergueu do chão com um braço forte e beijou seus lábios vermelhos com ressoante deleite.
- Penso na Vida! – vociferou - Os mortos estão mortos, e o que passou, já era! (...) Dancem e cantem enquanto puderem, seu malditos!”
Conan, O Cimério – O Poço Macabro
Robert. E. Howard

** Como dois animais – Alceu Valença



(Por enquanto, vou levando sozinha, galera, beijos a todos que deixam ou não seus comentários)