terça-feira, janeiro 09, 2007

mantendo algo vivo

(postado por Roberta Nunes, alone...)

Sonho, sempre.
Faço disso quase uma obsessão.
Uma avalanche de informações que, nem sempre, são relevantes pra minha existência.
Uma busca incessante, infinita, inculta até.
Insana.
Com sabores e cores inusitados.
Vontades que colorem o dia cinzento.
Sabores que enriquecem a rotina chata.
Sua voz, no meu ouvido, sussurrando palavras que eu não deveria querer ouvir.
As chispas de um fogo crescente, um incêndio.
Destrutivo?
Onde estão as pérolas?
E a poesia?
(A religiosidade, impressa na veia santa da fé perdida.)
Sentimentos misturados.
Vontade louca de te ver sangrar, gota a gota, pingando no chão, manchando os lençóis.
Vontade louca de te ouvir gritar, meu nome, palavrão, blasfêmias.
Sede do seu suor na minha língua.
Sede da sua língua na minha boca faminta, arrancar um pedaço dela com os dentes, e gozar do seu sangue na minha saliva.
Sob a forma de demônio, me visto de menina, e saio pela rua.
Sorrio pra quem passa.
Olho direto para o sol...
E sinto o seu calor na minha pele, a sua pele ardendo em prazer e lascívia numa cama trêmula.
Como dizer o contrário?
Como se ouve música, sem sentir a vibração no útero?
As batidas loucas reverberando no cérebro e na alma?
É assim que o seu nome pulsa nas minhas veias, um gosto tão doce e acre, quente e viscoso gozo, latejante e múltiplo orgasmo.



“Why don't you just crucify me,
Nail me to a cross
And bite and scratch and make me scream
If that will get you off
You say a fall from grace would suit me well,
Well you can crawl straight back to hell,
Fear not to lie, it will seem a sharper hit
Nor to blaspheme it will pass for wit”
Revenge – London After Midnight


“Porque você não me crucifica logo,
Prega-me em uma cruz
E me morde e arranha e me faz gritar
Se isto mantiver você longe
Você diz que uma queda pelo encanto me faria bem,
Bem, você pode arrastar-se de volta para o inferno,
Não temo mentir, isto parecerá uma trapaça
Sem blasfemar, isto passará pelo espírito”

** foto by Magic Zyks

7 Comments:

At 10:23 AM, Blogger Ciro said...

Roberta, eu ouço música, mas não ouço vibração em útero nenhum.
(Ou será q sinto?)
Hahahahhahaha!!!
Bjos!

 
At 4:52 AM, Anonymous Anônimo said...

quente, intenso, estrondoso;
um corpo frágil
mas na pena é vibrante...
parabéns.

 
At 9:39 PM, Anonymous Anônimo said...

Eroticamente envolvente! Adorei ler seu texto nessa madrugada! Passarei a visitar mais o blog!

Muito bom Roberta! Gostei mesmo!

Abraços!

 
At 12:14 PM, Blogger Tiago Moreira said...

Punk, pungente, ótimo texto, ótimo blog. Linkei no meu Monomotor, apareça e comente.
Até+.

 
At 5:21 AM, Blogger principesca said...

excelente texto.

 
At 5:22 AM, Blogger principesca said...

ah, a foto eu achei d+ também.

 
At 7:25 AM, Blogger Izabel Xarru said...

Enquanto fui lendo ia descobrindo que mais gente ia gostar muito do seu texto.
/deja vu. Não o texto, claro, é muito, muito bom, o anterior também.
Mas deja vu isso que vem como imagem, isso que tem um universal, ou, se não, compatível com o íntimo de quem :
"/conheço o fundo
É isso que você teme
Eu não/: já estive lá" Sylvia Plath
Ah, até difícil falar.
Corra.
Belíssimo texto.
Belíssima você.

 

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