quinta-feira, junho 29, 2006

Vida de Três, Vida de Todos.


Sim, a imagem é linda. Tão linda que te assusta. Os 3 estão correndo atrás de você e você foge, em lágrimas.
Jules e Jim.
Causou furor mundial. O livro está saindo agora. Frases curtas, autobiográfico. Ele amava as mulheres. A própria mulher se divide entre homens. De tanto amar, assim deixou que fosse.
A linda Moreau.
Precisa ver a cena da praia.
Depois, os americanos refilmaram. Sem comentários.
A beleza de cada ser humano respeitada pela via da alegria.
Chega de Saudade. O que permite a sua liberdade ?
Não fuja.
Os homens te amam. Sim, claro que tem tragédia no final, apenas para realçar ainda mais a tocante dramaticidade primaveril. A delicadeza sensual. São lábios que brincam e se tocam em sorrisos, quem sabe beijar, sabe sorrir beijando.
Como é bonito.
Não tem desespero de amar, essa coisa gemida na ante-sala. Não. É piano. O tempo todo, quem sabe Debussy.
Nouvelle Vague.
Tivemos nossa Dona Flor. Mas que me perdoe, não chega aos pés. Seios de Sônia Braga, tudo bem, mas como é perfeita a Moreau. Vestida. Mesmo que com roupas masculinas, afinal, amor mesmo é andrôgeno.
A cena das bicicletas, na estrada, na serra vazia, parecem levitar, os três amantes. E levitam pela sedução dos olhos. Somos observadores atentos. Até sonolentos: convite ao sonho.
O autor ganhou um prêmio: lata cheia de ostras.
Não poderia ter sido melhor.
A degustar com todas as línguas, o sabor venéreo, a concha travada no clitóris da pérola.
Amanhecem amantes com o grito do padeiro. Pão quente e brincadeira com travesseiros, na ingenuidade literal dos anjos.
No arroubo (não confunda com desespero) de se lançar pueril sobre os corpos queridos. Trançar de coxas, avançar dedais. Pés suavizando, unhas, na panturrilha.
Enquanto um dorme, dois acordam, três acordam, todos acordam.
Acordes.
Sinais de alguma farra bebedeira poética na noite anterior. Toda dor de cabeça pode ser curada com massagem à quatro mãos.
Balé.
Piano.
Sombras penetradas pelo sol.
Perpetuadas pela rotação dos volumes que giram e giram de dente em dente, de leve, onde se fura o mamilo, é divino.
Volte para a imagem, vamos.
E pense na mesquinharia do teu medo.
Beijos.

segunda-feira, junho 26, 2006

A dança dos desterrados


Os homens não permanecerão na Terra para sempre, mas em sua busca para a luz e espaço, penetrará primeiro timidamente além da atmosfera, e mais tarde conquistará para si todo o espaço perto do Sol”. Konstantin E. Tsiolkovsky


Os erros dos dias que passaram, foram escritos por seis átomos de carbono, que minha borracha em formato de gata, apaga graciosamente sem deixar marcas no papel.

Levanto ao som de um despertador encantado de três anos de idade que vem sorrindo me avisar que o sol já acordou. A luz entra através do vermelho da cortina da janela maior e o amarelo da menor, compondo uma cena linda, que não me canso de ver, apesar de já ter sido encenada, ontem, antes de ontem, amanhã, todos os eventos já aconteceram num intervalo de tempo curto demais para nossos passos lentos acompanharem em perfeita sincronia, de forma tal que se você tiver a impressão de já ter lido o que hoje escrevo, não será mera coinscidência.

Bom dia!

Hoje é segunda-feira, o melhor dia da semana. Segunda tem cheiro bom, gostinho de quero recomeçar, e eu sempre quero.

Aceita iniciar a semana dançando?

Então vamos! Cavalheiro não conduza a dama, homens e mulheres podem dançar na mesma posição. Para evitar um tropeção, pensem na diferença entre um o átomo de hélio e os demais elementos da tabela. Preste atenção, acerte o passo sem olhar para baixo, o hélio é um gás nobre - Ne, Ar, Kr, Xe e Rn também são, logo são esnobes, não dançam conosco.

Um, dois, três, marcação do compasso, essa é a dança dos Desterrados. Se perder o ritmo pare, observe; ouça; o movimento dos eletróns dentro da caixa craniana. Chegue mais perto, pegue a caixa e a coloque entre o jukebox e o computador, veja no monitorgoogle ou apenas ouça pelo via vox : “Segundo Kossel e Lewis, os gases nobres tendem a atingir a estabilidade, todos possuem oito elétrons na camada exterior, menos o He, que tem apenas dois prótons e dois eletróns, o que faz dele o mais estável entre os estáveis”. De tão estável, chega a ser inerte, indiferente. Diferente do hidrogênio, que com seu único elétron, vive fazendo intensas ligações por aí. Extensas pontes que nos trazem até aqui.

A música está mais lenta, chegue mais perto, deixe minha boca se aproximar do seu ouvido e lhe dizer palavras de amor: nós átomos, somos particulas desterradas, vivemos entre dançadejàvues à procura de um par que complete nossa camada de valência. Complete a minha. Mesmo que seja só por um instante, é assim que tem que ser, não duramos para sempre e sem hidrogênio, meu despertador não teria tocado esta manhã, pois o sol não brilharia.

Ritmo acelerando, respondam na mesma velocidade, o que acontece quando o atômo de hidrogênio deixa de se ligar conosco para se transformar em hélio nas camadas superiores da atmosfera? É preciso pensar a respeito, pois isso vai acontecer. Não precisa chorar, se não souber a resposta, apenas olhe para o céu e aguarde o retorno das estrelas antes que se explodam em partículas déjavues, os desterrados que sobraram entre as nozes que tico e teco não comeram.

Foi um prazer dançar contigo, não racionalize tanto as coisas, solte-se. "Sem imaginação não há realidade.*"
Uma ótima semana!

Adilma Nascimento

*Carl Sagan

domingo, junho 25, 2006

A CABEÇA CHEIA DE SONHOS.

eu não sei quanto ao você
mas eu me canso de coisas













nem vem com essa banca que eu te aterriso no chão,
Deus fica logo acima
das fadas( ver figura), nada que não se resolva com uma delicada cirurgia, um toque bem dado, alguém disse, muito sensível, nada maior ou menor que um toque,
eu concordo, e mantenho meu rosto de menino,
veja só como não mudo de sensações quando estou dentro de você,
até me diz que existe um preocupante olhar apaixonado em mim,
não se preocupe,
estou tentando achar as palavras que correspondam à realidade,
isso tem sido bem difícil,
o meu mundo dos sonhos é bem diferente do seu,
não que eles não se cruzem como cães em algum lugar,
alguma esquina de pizzaria, nos restos e sobreavisos da passividade,
mas eu interpreto isso como um niilismo que precisa de boa dose
de sexo sem limites, sem sorrisos de "aqui não, amorzinho",
aqui sim, querida.
aqui mesmo,
vamos de técnica e incômodo passional,
você vai suportar o jorro facial sim,
e depois vai pedir mais uma dose,
tipo de coisa que vicia,
não abandono minha cara de menino,
o interesse não é agradar a sua perversão,
mas ser naturalmente suave como sou,

Definitivamente venho procurando um tipo de literatura
que me espante, que me arrebate, está difícil fora das revistas
de moda e anorexia.
me passe seu copo de cerveja, preciso de um lugar pra
descansar o pau dentro.

James Joyce fez algo legal quando escreveu sobre a Queda,
era só um barulho, na primeira página, onde está um livro inteiro assim ?

Eu sei que a sua xoxota vaga por caminhos que não confessa,
vamos lá, sou sadio, sou uma criança, me conte daqueles sonhos
abusados, dos textos não revisados, do orgasmo que você tem pela
Quatro Rodas,
ele é mesmo um tremendo galã, não ?
e você me manda recados sempre com "amigo," na frente do texto,
entende como isso é ridículo ?
uma proteção, vai, toma um gole da cerveja agora com espuma de filhotes
e uma casa cor de rosa.

O Palácio arco-íris te deixa tão molhada...

Fadas, fodas e fados.
Os fatos estarão amanhã no jornal,
o show do Baton na Cueca anunciado
em cartazes, bem na entrada do shooping,
isso sim, sem celofane, sem cefalexina.

Aqui se encontra tudo do bom e do pior,
Domingo é dia de missa.

O lance de Joyce é que escreveu a Queda como um aglomerado de letras
( eu tinha escrito "números", pra você ver como estou me acabando e me afogando em mim),
queria que ele escrevesse o Levante assim.

A superação do Homem pelo Caos.
Através do Caos.
Caosmose jorro facial.
Domingo é dia de casamento, é dia de Motel cheio.

Tomando banho, antes de bater a foto minha que está no Orkut,
pensei,
"quantas pessoas, mulheres, estarão gozando agora e agora e agora e agora ?"
E meu agora, apocalipse now, ainda não terminou.
Agora.
Vai, agora.
Mininiza o texto e vai lá dar uma gozadinha.
Com a mão, marido, namorado, um canalha qualquer.

Rapidinho, esfrega por fora, depois o dedo massageando a bolinha brutamontes,
depois, agora agora, uns dedos dentro.

("beijos" no fim de um e-mail, scrap, etc também é um pé no saco ? beijo onde ? só aceito beijo na boca ou na uretra, de agora, agora, agora, em diante. Já sabe )

Gostoso, né ?
Isso, ninguém está vendo.
Bacana.
Meu rosto de menino quer mesmo as gentes felizes.
Se precisar de uma mão,
decepo e mando
pra você.
Boa semana.
Nos vemos quinta-feira.

Lamba a meleca.

B e i j o s.

Come Again, Sweet Love doth Now Invite

Domingo Musical em cinco atos.

A foto que deveria ilustrar este ayre/madrigal do alaudista John Dowland seria a Fuga de Jack Sheppard e sua amante gorda, por James Thornhil. Se alguém a tiver, por favor, envie para mim. Por enquanto, fiquem com a Elfa Rô.

1

"Come again, sweet love doth now invite.
Thy graces that refrain, to do me due delight.
To see, to hear, to touch, to kiss, to die,
with thee again in sweetest sympathy.

Come again, that I may cease to mourn.
Through thy unkind disdain, for now left and forlorn.
I sit, I sigh, I weep, I faint, I die,
in deadly pain and endless misery.

All the day, the sun that lends me shine,
By frowns do cause me pine, and feeds me with delay.
Her smiles, my springs, that makes, my joys, to grow,
her frowns the winters of my woe.

All the night, my sleeps are full of dreams,
My eyes are full of streams, my heart takes no delight.
To see, the fruits, and joys, that some, do find,
and mark the storms are me assigned.

Out alas, my faith is ever true.
Yet will she never rue, nor yield me any grace.
Her eyes, of fire, her heart, of flint, is made,
whom tears nor truth may once invade.

Gentle love, draw forth thy wounding dart.
Thou canst not pierce her heart, for I that do approve.
By sighs, and tears, more hot, than are, thy shafts,
did tempt while she for triumph laughs."

John Dowlands - 1597

Vem novamente: doce amor convida agora

Vem novamente: doce amor convida agora,
As tuas graças que se abstêm
De me proporcionar devido prazer,
Ver, ouvir, tocar, beijar, morrer
Contigo de novo na mais doce simpatia.

Vem novamente para que eu possa cessar de chorar
Pelo teu insensível desdém,
Por agora deixado e abandonado:
Eu sento-me, eu suspiro, eu choro, eu desfaleço, eu morro
Em dor mortal e infindável miséria.

Todo o dia o Sol que me cede brilho
Através de franzidos me causa angústia,
E alimenta-me com demora:
Os seus sorrisos, as minhas Primaveras que fazem as minhas alegrias crescerem,
Os seus franzidos, os Invernos da minha dor.

Toda a noite, os meus sonos são repletos de sonhos,
Os meus olhos cheios de correntes,
O meu coração não tem prazer
Em ver os frutos e alegrias que alguns encontram
E notar as tempestades que a mim são destinadas.

Meu Deus! A minha fé é sempre verdadeira,
Contudo ela nunca se compadecerá,
Nem me cederá qualquer graça:
Os seus olhos são de fogo, o seu coração de pedra
Que lágrimas nem verdade podem alguma vez invadir.

Suave amor puxa pelo teu feridor dardo,
Tu não podes penetrar no seu coração,
Porque eu isso aprovo,
Por suspiros e lágrimas mais quentes que as tuas flechas,
Persuade enquanto ela ri de triunfo.


Link para fazer download/ouvir Came Again:

http://www.uni-heidelberg.de/subject/hd/fak7/hist/o4/c1/de/vl/e4/gen/rs/comagain/