segunda-feira, junho 26, 2006

A dança dos desterrados


Os homens não permanecerão na Terra para sempre, mas em sua busca para a luz e espaço, penetrará primeiro timidamente além da atmosfera, e mais tarde conquistará para si todo o espaço perto do Sol”. Konstantin E. Tsiolkovsky


Os erros dos dias que passaram, foram escritos por seis átomos de carbono, que minha borracha em formato de gata, apaga graciosamente sem deixar marcas no papel.

Levanto ao som de um despertador encantado de três anos de idade que vem sorrindo me avisar que o sol já acordou. A luz entra através do vermelho da cortina da janela maior e o amarelo da menor, compondo uma cena linda, que não me canso de ver, apesar de já ter sido encenada, ontem, antes de ontem, amanhã, todos os eventos já aconteceram num intervalo de tempo curto demais para nossos passos lentos acompanharem em perfeita sincronia, de forma tal que se você tiver a impressão de já ter lido o que hoje escrevo, não será mera coinscidência.

Bom dia!

Hoje é segunda-feira, o melhor dia da semana. Segunda tem cheiro bom, gostinho de quero recomeçar, e eu sempre quero.

Aceita iniciar a semana dançando?

Então vamos! Cavalheiro não conduza a dama, homens e mulheres podem dançar na mesma posição. Para evitar um tropeção, pensem na diferença entre um o átomo de hélio e os demais elementos da tabela. Preste atenção, acerte o passo sem olhar para baixo, o hélio é um gás nobre - Ne, Ar, Kr, Xe e Rn também são, logo são esnobes, não dançam conosco.

Um, dois, três, marcação do compasso, essa é a dança dos Desterrados. Se perder o ritmo pare, observe; ouça; o movimento dos eletróns dentro da caixa craniana. Chegue mais perto, pegue a caixa e a coloque entre o jukebox e o computador, veja no monitorgoogle ou apenas ouça pelo via vox : “Segundo Kossel e Lewis, os gases nobres tendem a atingir a estabilidade, todos possuem oito elétrons na camada exterior, menos o He, que tem apenas dois prótons e dois eletróns, o que faz dele o mais estável entre os estáveis”. De tão estável, chega a ser inerte, indiferente. Diferente do hidrogênio, que com seu único elétron, vive fazendo intensas ligações por aí. Extensas pontes que nos trazem até aqui.

A música está mais lenta, chegue mais perto, deixe minha boca se aproximar do seu ouvido e lhe dizer palavras de amor: nós átomos, somos particulas desterradas, vivemos entre dançadejàvues à procura de um par que complete nossa camada de valência. Complete a minha. Mesmo que seja só por um instante, é assim que tem que ser, não duramos para sempre e sem hidrogênio, meu despertador não teria tocado esta manhã, pois o sol não brilharia.

Ritmo acelerando, respondam na mesma velocidade, o que acontece quando o atômo de hidrogênio deixa de se ligar conosco para se transformar em hélio nas camadas superiores da atmosfera? É preciso pensar a respeito, pois isso vai acontecer. Não precisa chorar, se não souber a resposta, apenas olhe para o céu e aguarde o retorno das estrelas antes que se explodam em partículas déjavues, os desterrados que sobraram entre as nozes que tico e teco não comeram.

Foi um prazer dançar contigo, não racionalize tanto as coisas, solte-se. "Sem imaginação não há realidade.*"
Uma ótima semana!

Adilma Nascimento

*Carl Sagan

9 Comments:

At 11:44 AM, Blogger Paulo Castro said...

afudê.
sem engasgos.
mandou bem, guzette.
bj.
pc.

 
At 12:41 PM, Anonymous Anônimo said...

O duro é que
às vezes a gente engasga,
gagueja, sim,
mas não deixa de sonhar.
Nem de dançar, música mais lenta,
silêncio de palavras,
apenas olhar, girar, olhar...

Beijo grande, Guu.
Cecília.

 
At 5:36 PM, Anonymous Anônimo said...

O ritmo é alucinante, como toda vida pede... Bjos e tenha uma ótima semana, com ou sem sol. Botter rettoB.

 
At 5:37 PM, Anonymous Anônimo said...

O ritmo é alucinante, como toda vida pede... Bjos e tenha uma ótima semana, com ou sem sol. Botter rettoB.

 
At 8:25 PM, Anonymous Anônimo said...

Toda sexta, sábado e domingo do mês eu levo alguém pela mão de olhos vendados numa dança dos excluídos por alguma coisa, OVELHA NEGRA PQ... E os passos vacilantes dos privados de visão combinados com a minha mão gelada (aqui no sul tá frio)fica parecendo a tal dança do fim do mundo, no chão indicações tipo Dog Ville (e nesse só falta desenhos de baratas heróicas). Tonéis nos lugares indicados, numerados, sonoros, nossas chaves, nossos mundos. Ontem, um velhinho fez questão de devolver um celular de uma das atrizes em mãos dela, ganhou cortesia do espetáculo e foi, levando em mãos tb sua esposa Cabô a peça e ele disse: "essa peça é um universo". Calvino gosta de pular de planeta em planeta nas "Cosmicômicas". Vendei os olhos pro teu texto, virei o público do meu espetáculo na tua dança.
Obrigada pelo convite em mãos..

 
At 7:39 AM, Anonymous Anônimo said...

Ciro, segunda é o melhor, não duvide!

Paulo, Cecília, a vida é também sonho.

Fabiana, escrever, dançar, fazer música. Gosteiii da idéia.

É alucinante sim, Botter.

Patrícia, apresente seu espetáculo em Sampa. Aguardo. Obrigada por aceitar meu convite, sua presença brilha como o sol.

Abraços quentinhos a todos.

(=^=^=)

 
At 12:45 PM, Anonymous Anônimo said...

Você é cheia de sonhos e otimista mesmo nas piores situações não deixa a peteca cair.

 
At 9:28 AM, Blogger Roberta Nunes said...

Foda!!!!
Lindo isso, Guu.
meio atrasada, mas nunca ausente!
beijos
Ro

 
At 11:04 PM, Anonymous Anônimo said...

Por que nao:)

 

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