sexta-feira, outubro 27, 2006

The Narguille Blues


Enquanto isso ele pensa em você e tudo brota de novo num novo muito mais novo que o presente, eu vi você chegar e você nem me viu. Ele estava muito bem ali só de terno, sentado no canto da sala, só de terno, os cabelos bem sendo os cabelos dele copiados dos cabelos de Bob Dylan e eu nem sei mais o que vi, o que eu vejo, o que vou ver ainda, e todo mundo tinha aquela cara de jester. De bobo da corte. Menos você mais ele. Ele mais você. Só de terno? É. Eu fiquei ali morrendo de vontade de esfregar meu rosto entre as coxas mal cobertas pela única peça de roupa que ele usava, mas era medo também do ridículo e me deu um nojo de vez, porque ninguém ali tomava banho há uns três dias. Jesters. Outside the world, com nossas calças jeans apertando nossos sexos até recomeçar o vergalhão da vida querendo vida fazendo barulho de vida na vaga e na outra vaga e na vaga do lado e na vaga de trás não tem problema que mago dá conta de toda a travessia, só de olhar, só de pensar, eu vi você e você nem me viu e eu queria seus cabelos emprestados e sua calça lee e seus modos da Índia e seus lábios mal educados em mim, mas sendo meus, emprestados assim, um horror de colagem, eu fico aqui colando seus pedaços em mim para ver como é que fica, como é que a gente fica, ele saiu, não ficou, saiu com a bunda branca e tudo balançando e com os cabelos parecendo sair da cabeça e ir de volta pro Bob e o terno. E eu fiquei e ainda fico com sono, com as marcas das marcas, a trajetória do teu traço pelos punhos e pelas barbas do profeta, ninguém nos pega naquele carro todo trancado e o narguile dançando dançando a verdade translúcida e a gente vira sol líquido, a gente virava, a gente vai, vamos todos, fomos todos, fumamos tudo até fazer barulho de água e eu imitava, imito a água, a água rosa, a água verde, a água dourada, eu saía do carro azul com você nas costas e ia imitando a água e você era o sol e eu posso dizer que já levei o sol nas costas, aí todo mundo bem paradinho aí, mãos na cabeça, mãos no carro, não olha senão eu arrebento ela inteira aí a gente fez tudo ao contrário e a gente começou a rir e mago jogou todo o pó na cara deles e jester conseguiu jogar o carro fora da pista e o carro foi indo foi indo foi indo escorrendo nossos pedaços pelo barranco e eu ainda peguei, eu pego o freio de mão e eu salvo todo mundo, eu salvei, eu salvava, não salvava? Não. O vôo não parava o vôo não parou ali e fomos indo indo indo até a água não ser mais uma imitação minha de água, a água era água pra valer e água nos meus dentes e nos meus ouvidos e olhei a água ficando rosa de você e dourada dos seus sóis e vi um dente e vi dois dentes e mago sem dentes e lou sem sonho e cirrus sem cigarro e você sem você dentro para eu poder dizer que era você e as algas faziam, as algas fazem uma dança interessante eu gosto, e não foi estranho, não é estranho eu saber disso, da edição limitada da revista e de nossas cores, da nossa edição limitada e amanhã eu vou visitar você, mago, jester, cirrus, lou, prepara as flores, não, eu levo as flores, eu levo, eu levei as flores mais lindas, eu que nunca tinha comprado flores na vida, quando comprei foi para dizer adeus ao sol.

quinta-feira, outubro 26, 2006

URBANOS - parte 2.

( ver parte 1 - quinta - 19/10/06 )


Eu tinha fotos.
Fotos dela.
E fotos minhas em algum lugar.
Com alguém. Um cara.
O fato de ter uma cara única desde cedo me trouxera dificuldade e solução para a mesma.
Ser personagem de si próprio. Navegar entre todos os meios, os intelectuais de meus livros, os baixos de minha grana, os baixíssimos de meu prazer. Mais que isso, não encontra palavra. Apenas a lentidão de imagens misturadas no embaçamento cinza, gorduroso, que dizem que fica na cabeça.
Você sente o pensamento na cabeça ?
Onde está seu pensamento.
Quem foi que disse - desespero - que não está na porra do seu dedão do pé ?
Falo comigo mesmo e olho o espelho. Tudo culpa do olho, da orelha, do nariz.
A maioria dos sentidos está na cabeça.
Erro de confundir percepção com juízo de realidade.
Alucinação não é delírio.
Delírio é literatura.
Alucinação é fotografia.
Coloco as lentes sobre as íris.
Troco os brincos.
Passo o óleo chicano na pele. Ou Raito Del Sol, bom nome.
Essa tesoura foi do meu avô. Corto os pêlos das narinas.
O nariz que é um problema.
Rir sozinho num quarto de hotel, no fundo, a TV, piscando um especial sobre Pablo Picasso: faz tempo, eu tinha medo do destino envolvido nisso. De qualquer destino. Gargalhar em um fedorento quarto de hotel, enquanto preparo a tintura negra para os cabelos.

º

Mas e se o cara tem o dedo do pé amputado e continua pensando ?
Quem diz que ele continua pensando ? Quem diz um monte de coisa ?
Ok. Que o pensamento fique no fígado então.
No caralho, como pensam as feministas mais sinceras.
Um carro passa por mim, em direção ao apartamento de Val e diminiu a velocidade.
Fotografa.
Os óculos escuros ray-ban servem pra isso: ver com o canto dos olhos.
Espero ter saído bem.
O prédio de Val é de cinco andares, um porteiro velho, um bar em frente, lotado de bebuns.
No banheiro do bar, tiro a peruca com a minha cor original, um marrom sem graça de papai. Nunca conheci a tonalidade real dos cabelos de mamãe. Troco de óculos, após colocar as lentes mais uma vez sobre as íris. E todo procedimento, incluindo virar a sacola do avesso e a barriga de pena.
De dar pena. Malditos trocadilhos. Escrever te deixa com isso, nunca sabe quando o que fala, som, voz, é adequado ou não. Nunca fui mesmo de falar. Mas de pensar. Um calo no dedão. Um calo na vida de tantos. Será que Val se lembra de mim ? Ela será mais que um teste. Ela conhece a ela que me interessa. Conhece, amém.
Peço uma pinga, me vejo trasfigurado no balcão metálico, me vejo assustador no arrepio dos parceiros de cachaça barata. Na casca de uma barata correndo. No meu passo barulhento em direção ao prédio.
- Quem é ?
Val continua com a voz de puta fina, mesmo decadente. Pelo interfone, mais metálica, mais excitante que a provável realidade.
- Eu te telefonei, Valquíria.
- Pedro ? O repórter ?
Várias profissões. No mundo sem profundida, fácil enganar.
- Isso, Val...Valquíria.
- Abriu ?
- Obviemente.
- Como ?
- ...
- Suba, Pedro, por favor.
Esses elevadores antigos ficam bem em um bairro como Higienópolis. Decadência simulada em coluna social.
Me abriu a porta a mesma mulher de antes. Loira, nada fatal. Cara de bobinha. Mas eu vi o que essa idiota é capaz de fazer com um cara no rabo e uma dona esfregando o grelo na boquinha sorridente.
- Pedro, com licença, isso, vou fechar a porta. Muito doido hoje em dia, né ? Qual é mesmo seu jornal ?
- O Correio da...
- Ótimo ! Bebe algo ?
- Não, não bebo.
- Ah, que isso ?
Tiro os óculos e olho bem na mediocridade furada e visual dela. Claro que pensa em um flerte. O marido apóia a sacanagem. Só pede que tudo seja filmado e , claro, fotografado. Um clubinho e tanto. Sites de sexo caseiro para elite divulga isso. Foi assim que a mulher os conheceu. E que eu os conheci. Nos vimos três vezes. Uma com sexo. O bastante pra ela se lembrar de mim. De como sou doce. De como fui doce. Fazer amor. Isso que fiz.
- Beber estraga o fígado, o pensamento.
- Sei.
- O coração também. As emoções.
- É. Deve ser.
- Posso sentar ?
- Você me lembra alguém. Do passado.
- Quem ?
- ...
- Quem, Valquíria ?
- Olhos...boca...nariz...
- Diga.
-...nariz...não. Boca mais nariz...quem te fez essa cicatriz ?
- Me machuquei com sete anos de idade.
- Machucaram você, Pedro ? Quer se sentar, querido ?
- Estamos bem em pé.
Telefone.
Gelo.
A foto.
O carro devagar.
- Alô...quem ?....imagine....não !...estou com um repórter da...
- Caras.
- ....da Vougue...sim, baba baby baba...ahahahaha....também te amo...psiu...pára....quando?....traga o seu novo....eu também te amo...Beijos, querida.
- Quem era ?
- Coisa minha.
- Quero conhecer coisa tua. Tua vida. Por isso vim.
- Nem tudo é publicável, querido.
Vários perfumes: Suor, Paloma Picasso, buceta atrás do vestidinho leve, riponga.
- Eu aceito um uísque...
- Que ótimo. Boa pedida. Não sei quem é pior...quem nunca bebeu, ou quem se afastou do "vício".
Pronúncia com desdém.
- Como assim ?
- Sei lá porque falei disso. Senta. Agora senta. Está cansadinho. Vou buscar o gelo.
Gelo. Calor. Suor. Xoxota. Verão fora de época. Quero um cigarro. Agora não.
Quando ela se vira já não se vira.
Eu a levanto apoiando a xeca aberta em meu antebraço direito.
Ela bate a cabeça no azulejo encardido da cozinha e solta uma risadinha.
Em nosso clubinho, gostamos de umas porradas.
Antes eu gostava de ser gentil.
Abaixo a cabeça de Val de encontro a pia e atolo dois, três dedos naquela racha, ela parece estar calma, atolo mais, quatro dedos, por pouco não vai o pulso. Por um relógio. Odeio relógios, mas os personagens usam.
Ela começa a gemer, finalmente.
- Espere, espere...preciso pegar a câmera...
- Onde está ?
- Ai...assim dói...
Dou um tapa na bunda.
Depois um soco no coccíx.
- Uau...você é ....muito bom....Pedro....
- Onde no quarto ?
- Vou pegar...
- Putinha...eu mando em você, vagabunda, chupadora de pau de caboclo !
- Manda ?
Um tubo de mostarda logo ali, pano de prato com a data de 1979.
Tubo de mostarda com uma bela cuspida, tubo no cu.
- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiii !
- A câmera, vaca, lésbica, escrota, vou, vou....
- ....ai....o que ? Hein....cavalo...mete a pica ...vai ...cadê esse pauzinho ?
Isso estava cansando a hombridade.
- Na gaveta ? No guarda-roupa...?
- Ai, esquece e mete...que pegada boa !
Esquece e mete ?
O que fazer quando um plano toma um desvio ?
E você não conhece exatamente a estrada.
Mas tem algumas pistas ?
Como uma boa assim: No quarto.
Hum ?
- Segura.
Mantendo o tudo atolado naquele rabo, meti o pau naquela bucela. Ela lambia o buraco da torneira aberta. Cuspia pro alto. Babava. Se mexia como uma demônia de carnaval clichê.
Ela tentou controlar o ritmo da foda.
Isso não é bem-visto em alguns meios sociais.
Um tapa no ouvido dela e algum deseqüíbrio, outro tapa, engasga e vomita.
E tem um ataque.
Um ataque. Mamãe. Papai. Que porra.
De riso.
Um ataque de riso.
Enfim, você se perde em uma estrada com uma boa pista e o seu dedão do pé está lá, apesar do calo.
Mas tem que fazer o que gosta.
E se tem algo que eu goste é de satisfazer os desejos íntimos de uma cadela. Ainda mais se essa cadela for amiga e chupadora da...mulher.
- Vou gozar, vagabunda, olha pra mim, vou esporrar na sua cara...
- Ah, tá.
E se vira sem muita vontade.
Esporro.
Ela finge caras e a boca de uma atriz pornô básica.
Mas ela não é básico.
Não em nosso clubinho de imagens e tendências estranhas assumidas nas festas e cocaínas do SP Fashoin Week.
- Toma a porra...
- Hum...oh...yes....
Língua quase sinceramente nervosinha.
- E toma a morte.
- O que ? - olhos arregalados. Quase emotivos.
Dou um soco no queixo.
Ela se dobra.
Chuto na altura do útero.
Me ajoelho ao lado dela.
- Vai pensando em mim, vai pensando na Mulher....lembra....uma chácara....tá lembrando....?....festada Kodak......lembra, vaca, corna, puta ??!!!
- AHUFHHHH.....
- Engole esses dentes. Porra, vou te matar, Val.
- FALLLL ???
- Lembrou...que bom.
- Xoco...XOCORRRROOOOEERRGHHH....
-MORRA.....MORRA...MORRA...MORRA..MORRAMORRAMORRAMORRA !
Sangue e porra.
Puxa.
Que vontade represada por todos esses anos !
Certas coisas não se conta pro analista.
Certos personagens.
Certas fotos.
Delírios e alucinações.
Corro pro quarto. Não demoro nenhum suspense pra achar a sacola com a câmera digital. Novos tempos. Pequena, flexível. E todos os cartões de memória que consigo ver, passo pra minha sacola. Uma troca rápida.
Passo por Val estendida na cozinha. O gelo em água quente. Calculo o tempo em pressa. Ela ainda geme. É um orgasmo. Piso na meleca que sai da cabeça dela. Ligações neurológicas: ela estrebucha. E fica quieta, depois de anos. Graças !

Eu sei que entre um monte de bobagem pseudo-sórdida, vou ver o que me interessa e interessa muita gente. Fotos e filmes animados. Dela. De festas. Dela. De abortos. Dela. De chapações. Dela. DELA.
Da mulher.
Passo ao lado do carro. Jaqueta fechada, barriga de pena saliente.
Olho bem para o cara.
Eu o reconheço. Um fotógrafo de baixo nível do nosso grupo. Um jegue pra fodas e servicinhos.
Estou sendo substimado.
Ele não me reconhece.
Sorrio:
- Bom dia.
- Bom dia.
E ando com a calma de um gozo.
Tenho que ver esses cartões de memória.
E comprar, antes de tudo,
um maço de cigarros.


( Continua. Próximo domingo e/ou quinta-feira. )

ºººººººº
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quarta-feira, outubro 25, 2006

Navalha na garganta - O começo...

Olho no relógio. 23:37. Minhas mãos ainda tremem. Passo o olho ao redor do quarto sentindo aquele cheiro inconfundível de mofo. Uma mistura de coisa úmida com coisa velha. Carpete ‘’vintage’’ puído e sujo. Móveis antigos de madeira maciça. Não se fazem mais móveis como antes. Continuo ali sentado ao pé da cama curtindo aquele momento, quando uma imagem invade minha mente. 1986. Foi ali que tudo começou.
Eu era muito jovem ainda. Aspirante a escritor. Tinha meus 25 anos na época e achei que tinha talento. Nada a ver. Textos medíocres, três livros escritos. Não tive sequer coragem para encaminha-los às editoras. Não lembro de deixar ninguém lê-los também. Foda-se. Lembro que estava num bar com alguns amigos - se é que realmente eram amigos – quando eu a vi. Linda, morena de olhos claros, decote sensual mostrando parte de seus maravilhosos peitos que cabiam num par de mãos. Não tinha mais do que 18 anos. E eu me apaixonei.
Retorno de meus devaneios e vou até o banheiro. Respiro profundamente e abro a torneira. Minhas mãos param de tremer e começo a enxágua-las. Sobre a bancada um monte de tralhas. Escovas, perfumes, desodorante, brilho, esmaltes. Mulher adora se arrumar não? Um bando de mocréias, loucas para atrair nossa atenção e dar pro primeiro a quem se interessar. E não é difícil seduzi-las. Todo mundo diz que elas são as donas do jogo, que o homem faz o que a mulher quer, mas eu aprendi que isso é pura idiotice. Funciona apenas com os fracos e os tímidos. Eu os chamo de bunda-moles. Encontro uma pasta de dentes e a escova e faço um pouco de higiene bucal. Enxáguo a boca, me enxugo na toalha ainda molhada, olho para o espelho e reparo com a pessoa que me tornei. A cicatriz ao lado esquerdo do meu rosto é profunda, mas me orgulho dela. É como se fosse um troféu para mim. Ali, pela primeira vez, me senti alguém de verdade e não um frouxo. Com um belo sorriso no rosto saio do banheiro e me dirijo ao criado mudo. Está na hora de sair deste hotelzinho de quinta. Estou me sentindo tão bem que até me simpatizo com ele. Ponho a camisa e o sapato, e coloco meu relógio de pulso. 2:20. O tempo passa rápido enquanto estamos nos divertindo. Dirijo-me à porta sem antes, claro, buscar minha navalha. Abaixo próximo ao corpo para pegá-la e olho novamente para aqueles olhos sem vida. Garganta cortada de forma soberba, sem tempo para um último grito ou suspiro. Ela está linda. De sutiã e cinta-liga, boca aberta como se esperasse um beijo. Prefiro ela assim do que quando falava sem parar, me deixando maluco. Voz esganiçada, dependente e como se eu não soubesse, querendo chupinhar meu dinheiro. Mas não vai. Não mais. É como todas as outras que conheci. Todas menos uma. Não quero voltar nisso agora, mas é inevitável não lembrar dela naquele bar. Seu olho intimidador e ao mesmo tempo convidativo. Lorena. Graças a você me tornei o homem que sou hoje. Por isso te amo. E te odeio.

terça-feira, outubro 24, 2006

Oral


(Para os que me acham chata, clichê, etc, etc, desculpem, mas tive que voltar.
Faço isso todas as semanas, é inevitável e indispensável para a minha sobrevivência.
Incomodo vocês?
Fodam-se.
É só não se dar ao trabalho de vir aqui, encher o meu saco.
Pois bem, vamos começar.)


Hoje teve festinha aqui na empresa.
É aniversário da patroa.
Não, não somos malditos puxa-sacos.
Gostamos dela.
O que mata é que a minha cabeça está bem longe daqui.
Longe do bolo de morango.
Longe das bexigas.
Longe da champanhe importada (que pegamos dela mesma), pra comemorar.
Longe até da minha mesa.
Preciso me concentrar, cacete!
É, acho que é nisso que estou pensando agora.
Num novo.
Que apareceu recentemente, e que ainda não tive oportunidade de conferir.
Meninas, sabem quando a gente senta lado a lado com um cara que muito te interessa e, discretamente, apóia o braço assim, de leve, na coxa, só pra ver se há uma ereção?
(e se não tem, droga, a frustração é imensa!)
Então, não consegui conferir.
Fico aqui, me remoendo, doida pra saber.
Que gosto tem.
Qual o tamanho.
A cor dos pelos.
De uma coisa eu sei: tem 99% de chance de pender para a esquerda.
Esse é um mistério que sempre me intrigou muito.
O pinto sempre pendendo pra esquerda.
Já ouvi várias explicações, mas nenhuma que me satisfizesse.
Bem, tamanho é documento?
Não.
Sou baixinha, magrinha, e me dizem que não decepciono.
Tudo depende de como usa.
E do quanto se oferece.
E do quanto se espera receber.
Aprendi, dando várias cabeçadas, a nunca esperar muito.
E, o mais engraçado, é que tem gente que considera sexo o pior dos tabus.
Nem sonha em falar sobre o assunto.
Eu falo.
E, quando posso, faço.
Chupo.
Manga até o caroço.
E esporro na cara de quem pagar pra ver.
Arranco os cabelos da cabeça presa entre as minhas pernas sem o menor pudor.
Hum.
Acho que hoje vou ao parque.
Tem um parque aqui perto do meu trabalho.
Enorme.
Muitos lugares bons pra dar uns amassos.
Às vezes penso que já passei da idade de dar “uns pegas” em alguém.
Às vezes penso que é melhor do que transar.
Vou hoje.
Só pra conferir qual é o meu estado de espírito.
E como os meus hormônios vão reagir.
E como língua vai se comportar.
Beijar o gosto da cerveja na boca tesuda de alguém.
Quem quiser.
Imagem lasciva.
Pornografia via MSN...
Terça, quarta, quinta.

(Passo por aí. Me espera nu. Tenso. Ansioso. Ereto. Te beijo com a boca em chama. E faço das minhas coxas armas mortais em volta do seu pescoço. Te esfolo as peles sensíveis da glande azul-fosforescente. Passo os dentes. Quatro dedos num vídeo. Um chão outrora vermelho...)


"Amor eterno

Luxúria infernal

Sangrando, queimando

Precisando, sentindo saudades

...

Mais nenhuma noite

De sangue e fogo"

Blood and Fire - Type O Negative

Roberta Nunes

24/10/2006