quinta-feira, julho 27, 2006

DESTRAVANDO OS DENTES.


Quero te levar pra uma festa, onde todos possam ver do que você é capaz,
quando está ao meu lado,
mil desejos de todos homens & mulheres por você,
eu quero ver.
Sou a grande lua desenhada por Manara & Moebius,
a observar vários eus,
representações atípicas de tantos eus que existem em mim,
a te colocar em posições absurdamente pornográficas,
como a erva entre as pernas,
pirando a entrada que todos eus vamos preencher.
Eu te ligo cedo e mando você voltar à dormir.
- Ai que gostoso.
Sim, é isso aí, repare como, com os pés no chão,
sob o reflexo da lua,
causo variações de mim mesmo, só pra você,
entre o velho e o novo,
o doce e o abusado,
o risco de um local público
e a segurança da nossa cama.

Se você fizer um café, eu pego um maço,
tenho acordado com a boca úmida, nada mídia,
isso é inaudito,
nunca me aconteceu,
é a porra de um negócio de salivar mesmo,
saliva de palavras prontas pra entrar em você.
Se você topar a parada,
pisque pra mim.
O lance é não perder tempo,
diante da piscada,
vou destravar teus dentes na marra,
sabe da minha fama de tarado,
imagine agora tudo isso, em sendo verdade,
concentrado apenas em uma única Dama...
Imaginou ?
Molhou ? Se não, faça.
Aí, ninguém tá vendo,
que tal abrir um pouco as pernas ?
Coloque seu dedo.
Um só.
Esfregue por fora.
Fique um tempo aí.

NÃO FECHE OS OLHOS !
ESTOU FALANDO COM VOCÊ !

Agora, coloque o tal do dito dedo.
Naquele lugar rugoso, logo acima,
subindo e voltando pra trás,
EXATAMENTE AÍ !
Emitindo luz.
Luz que queima as ervas.
Respire fundo.
Erva minha trepadeira.
Sou agora o caule de uma flor apenas.
Não, ainda não é minha vez de gozar.
É meio difícil escrever um post usando apenas uma mão( aquele meu riso de lado ).
Tenho a exata lembrança do que minimizei aqui :
A foto dos seios que você me mandou.
Não minta, sei que não seus.
Para cada mentira sobre isso,
te falarei uma sacanagem,
te olhando nos olhos ( calma ),
percebeste como funciona ?
Então, aqueles são teus peitos ?
Rs.
Cavalgadora.
Gostosa.
Amor.
Variante dançarina do meu caralho.
E o que você quer dos meus eus ?
Um desejo, tem direito, para cada um.
Não se preocupe, não teus e inesgotáveis.
Aí que não cansa, sacou ?
Amor.
Essa palavra pode ser broxante em um contexto de putaria monogâmica,
mas não do jeito que vou falar.
Olhando nos olhos ( calma ).
- Estou com tesão, o que faço agora ?
- Poema.
Excelente dica. Eu diria: Uma dica gastronômica.
Quem disse o que ?
Não importa, em nossa peça de tantos atos & dois atores & dois espectadores,
vamos intercalando falas e gemidos, trocando dedos e caminhos já sabidos,
vou parar no oásis da não-ilusão, chupo ( a teu contragosto ) os dedos.

Cada dia que passa,
sinto mais a sua falta.

Guardo o pau.
Fecho a braguilha, peraí,
destranco a porta.
E vou trabalhar.
BEIJO.

terça-feira, julho 25, 2006

A janelinha

(postado por Roberta Nunes, com TPM e tudo...)

Estamos sempre tentando ver o mundo.
Seja do nosso jeito, ou do jeito de outras pessoas.
Eu tinho um defeito gravíssimo: estava sempre tentando agradar.
Meus pais.
Minha filha.
Meus amantes.
Meus amigos.
E sempre me fodia.
O verbo fica meio esquisito, eu sei, mas é isso aí.
Me FODIA..
Olhava o mundo por tempo demais através de uma janelinha de nada.
E continuava olhando, e olhando.
A janelinha me engoliu.
E não tinha luz lá.
Não tinha sol.
Nem brisa.
Nem amor.
Eu tinha meu Bukowski comigo.
E tinha Baudelaire.
E Dalton Trevisan.
E Raduan Nassar
E havia um monte de textos bacanas pra ler por aí, nos blogs onde meus amigos e amores escrevem.
Havia uma ponta de esperança, afinal.
Eu lá, presa naquele espaço tão pequeno, de onde eu podia ver o MUNDO acenar pra mim.
Comecei a ouvir uns sons.
Umas músicas legais.
Barulho.
Punk.
I wanna be sedated.
E não concordei.
Eu queria ver.
Sentir.
Cheirar.
Chorar e gemer.
Gozar e arranhar as suas costas.
Mas, a janelinha só me mostrava as coisas de um jeito meio sem-graça, sem-cor, sem-eu.
Era estranho saber que tudo estava lá, menos eu.
Cansei e decidi partir.
A janelinha se partiu.
A casca.
Quebrei a grossa crisálida, rompi o lacre, quebrei o cabaço da minha alma.
Sangrou pra cacete!
Mas saí.
Às vezes dói, tem pedaço faltando, mas eu SEI que está faltando.
Sinto o que leio.
Sinto o que ouço.
Não existe mais a dormência.
Amei você.
Amo a mim.


"eu faço isso e me sinto bastante mal

bastante triste
então eu levanto
LIMPO
apesar de que nada
está resolvido. "
trecho de Melancolia, de Charles Bukowski

segunda-feira, julho 24, 2006

MADRUGADA




Toda madrugada é assim. Bares e boemia. Calouros e veteranos entram no clima. Quente. Muito quente. Antes de deitar, alguém pratica o canto evocativo de Deus. Nas ruas, putaria e elegria. Ou seria tudo a mesma coisa?

Rua Lótus, esquina com Alecrins, coração do Cambuí, bairro dos jovens endinheirados, figuras bonitas e modernas. Em frenta a praça, ao lado da escola de educação infantil de R$1.000,00 a mensalidade, num casarão velho por fora e luxuoso por dentro, contrastando com as edificações
verticalmente elegantes plantadas no espaço urbano, lágrimas descem em ondas suaves, umedecendo a pele ainda fresca da balzaquiana.

Madrugada.

Toda madrugada é assim.

Quando o dia amanhece ela se olha nos muitos espelhos espalhados pela casa, ensaia o melhor sorriso, ensinamento que aprendeu com uma sábia nissei, orientadora dos "Estudos da Prosperidade" : "sorria. Sorria sempre menina. O sorriso atrai prosperidade."

Técnica funcional. Elogios ao sorriso, a vivacidade, a felicidade que transborda daquela escultura divina vestida de mulher.

Infelicidade não é para ela. Que motivos teria para ser infeliz, se a natureza lhe presenteou com tão bela roupagem natural? Não nasceu rica, mas conquistou o conforto material com seu trabalho honesto, um marido atlético, dois meninos lindos que saíram do mesmo óvulo, parto de cócoras.

Por que chora?

Seria uma amaldiçoada? Daquelas que carregam um demônio por dentro? Ele a morde o estômago, e ela chora da dor que não pode ser medicada? Na faculdade de medicina, não se ensina a diagnosticar demônios.

Por que chora?

Seria uma felizarda? Dizem, a felicidade quando chega grande, deve ser chorada em silêncio, em agradecimento, uma prece, para quem a trouxe. "O infinito amor de Deus flui para o interior. Flue..."

Fluem lágrimas...

Para que servem?
...
quero saber.
Madrugada.
Ela pratica o Shinsokan.
Deita.
Lágrimas umedecendo a pele ainda fresca da balzaquiana.
Eu sou a única testemunha.

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

[Com "Madrugada", encerro minha participação nos desterrados, um blog de amor, de pessoas maravilhosas. Dói precisar sair. Preciso. O amor me chama, amor da vida real, que me solicita presença e um projeto que não pode mais esperar, dedicação integral.
Paulo, Ciro, Giselle, Roberta, Fabiana, leitores e leitoras. Todos queridos. Meu muito obrigada.
Entrei aqui por amor, e saio também por amor, um amor do tamanho do mundo.
O mundo dá voltas, a roda gira, voltaremos a nos encontrar. ]
Com carinho,

Adilma Nascimento
(=^=^=)
Beijos a todos e todas.

domingo, julho 23, 2006

Seca








Domingo musical em cinco atos





Djavan


A terra se quebrando toda
A fome que humilha a todos
Vida se alimenta de dor,
Que pobre povo sem socorro!...
Porque será que Deus pôs ali
O ser pra ser assim
Sofredor?
Sob a brasa do sol padecer
Do desdém do poder
Fingido.
Sem saber o que é ser feliz
Viver, como se diz:
Dá medo
Apesar de se ter céu azul
O mesmo lá do sul,
Mesmo Deus.