Ele odeia meu perfume...?

(escrito por Roberta Nunes, com imagem gentilmente cedida por Paulo Castro...)
O sangue escorria pelo chão.
Pingava nos degraus da escada, e ia em direção à porta.
O tapete já estava encharcado, e o lençol que coloquei não estava mais segurando nada.
A cena era medonha e fascinante.
Dantesca.
Eu não conseguia desviar os olhos da enorme mancha rubra.
Eu não conseguia desviar os olhos dos pedaços de ossos e miolos e cabelos grudados na parede.
Ainda dava pra sentir o cheiro de pólvora.
Não fazia nem uma hora que eu havia deixado aquela sala.
Tudo havia ficado no lugar.
O vaso de flores, as cortinas, a tv ligada, o frasco de perfume espatifado contra a parede.
A briga inevitável, os palavrões de sempre, as lágrimas de fúria.
A marca roxa de dedos nos braços brancos.
Cada um com seus problemas, certo?
Cada um com sua vida.
Seus compromissos.
Eu bebo demais.
Eu falo palavrões demais.
E desejo demais.
Quero mais do que posso ter.
Beijos lascivos, mordidas, gemidos.
Solidão sólida.
Amiga de todas as horas.
Saudade de alguém distante.
Em outra cidade.
Família feliz.
Sexo-amor sem culpa nem vergonha.
Circo.
E o sangue pingando, que é de outro, me tira da realidade.
Um amor que poderia.
Um amor que deveria.
Pra me agredir, ele dizia que não havia nada.
E me dizia deliciosa.
E não me queria.
E me lambia.
Os miolos espalhados não me diziam nada.
Quem?
Como?
Cadê a arma?
Cadê a raiva?
Preciso de uma bebida.
Forte.
Impassível.
Vejo o dia nascer, e os raios de sol dançando nos cacos e nos pedacinhos de ossos e no olho redondo arrancado da órbita, que agora está vazia de tudo, tudo.
Vazia da minha imagem.
Acho que agora posso viajar.
Passar o sábado longe.
Visitar pessoas que amo e que vou aprender a amar.
Pais, e mães e filhas.
Sete mais três tatuagens, formando figuras engraçadas num teto de espelhos-mosaico.
Os raios de sol atravessando o vidro espalhado pelo chão faz ecoar uma música na minha mente.
E me diz que é hora de ir.
03/10/2006
"Sou um anjo, mato os filhos mesmo com as mães tomando conta. Eu faço as cidades virarem cinzas, eu até retiro a alma das menininhas quando tenho vontade. E até que venha o vosso reino, a única coisa com que podem contar em sua existência, é jamais entender o porquê!" - Gabriel - Anjos Rebeldes
p.s.: acho que já usei essa frase antes, mas em todo caso...
10 Comments:
esse eu não apago, Ciro, pode deixar!
acho que eu usava essa frase como assinatura no yahoo.
legal, né?
você sacou, rs.
Linda....sempre esses sintomáticos comentários excluídos.
O que importa é a viagem, essa sim.
Eu ouvindo aqui N.I.N, "eu quero fodê-la como um animal".
E tem gente que se arrepia com isso, acha feio, acha que não tem amor nisso.
aiai.
Fodem como o que ?
Merecem mesmo um tiro nas fuças.
E vão receber. Mas não levará meu nome, nem o teu.
Vc sabe disso.
( quanto mais vc se expõe, menos é o suspeito de algo bizarro, criminoso e sádico)
e com vc, me diga, posso usar o perfume que EU bem entender ?
O seu, sei qual vai ser,
fiz
questão de escolher.
Pureza é bom.
Oi Ro!!!
Quem disse que o amor não pode se transoformar num esporte sangrento?? (Mesmo quando não envolve tiros nem facadas....:P)
Beijao!!
PS: Acho que já vi voce postar essa fala do Gabriel, nao sei onde... :))
Paulo, você sabe que adoro Nine Inch Nails, e ainda mais essa música!
E sabe também que odeio comentários excluídos, mais até do que os anônimos.
Escolha o perfume.
Fernando, eu usava essa frase como assinatura no yahoo.
Gosto muito.
Agora uso uma do Riddick, que diz que não devemos temer o escurro, mas o que está nele.
beijos
Ro
Huahuahauhauhauaha! Adoro fazer isso!!!!!!!!!
Eu chupo a pica solteira do Paulo Castro.
tô gostando muito disso aqui!
não me expulsem...
eu sou ex da paz!!!
amanhã tô por aqui...
beijos!!!!!
Quem ama não mata. Mas há exceções.
É tão trágico que chega a ser cômico!
Ro profana, doce, desejante e desejável, impossível de possuir, feita pra andar livre. Pra você sempre é hora de ir, mas não deixe de voltar.
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