terça-feira, novembro 07, 2006


(postado por Roberta Nunes...saudade, baby)

Começou a chover.
Forte.
Tempestade.
O vento varrendo as folhas, derrubando as flores, destelhando casas.
Letreiros de neon balançando perigosamente.
O bar estava cheio.
Pessoas fugindo da chuva.
Não tenho medo de me molhar.
E nem de me queimar.
A bebida forte serve pra esquentar os ossos.
Me sinto velho.
Cansado.
A mão trêmula mal segura o copo.
É o frio.
Sempre tenho frio.
O casaco comprido nunca é suficiente.
Caminho na chuva, sem rumo.
Não quero voltar pra’quele pulgueiro.
A presença dela é forte demais lá.
O cheiro.
O recado escrito com batom no espelho do banheiro.
A CULPA É SUA.
Me dissera que Alguém morreu pra redimir a minha culpa.
Acho que eu não entendi direito o recado.
Ou ela não entendeu.
O cigarro não fica aceso.
A chuva castiga.
Açoita sem dó.
A mente vagueia.
Tenho vontade de escrever .
Sobre folhas e flores ao vento.
E o batom vermelho na boca selvagem dela.
Seu corpo esguio, as pernas longas cruzadas nas minhas costas, os dentes no meu pescoço.
Mas, perdi o jeito.
Não seguro mais a caneta.
E a velha máquina de escrever há muito foi pro prego.
E ela se foi.
Não tenho mais pra onde ir.
Casa.
A casa que ela abandonou.
Não me diz mais nada.
Não é meu lar.
A corda já está lá.
A cadeira embaixo.
Rio baixo.
Um riso honesto.
Sincero.
O último.
Gole.
Trago.

...
Noites chuvosas me deixam deprimido.


“Eu amo a noite com seu manto escuro. De tristes goivos coroada a fronte. Amo a neblina que pairando ondeia. Sobre o fastígio de elevado monte...” – Fagundes Varela


3 Comments:

At 2:31 PM, Anonymous Anônimo said...

belo texto... Parabéns!!!

 
At 3:32 PM, Blogger Carlos Bruni said...

Nada de deprê, nada de perdido na noite suja.
Como diz a música, "o sol, há de brilhar mais uma vez..."

 
At 4:14 AM, Anonymous Anônimo said...

Lembrei daquela música: "chove chuva, chove sem parar, e chove, e chove..." heheheheheh!!

Bjão Roberta!

 

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