terça-feira, agosto 08, 2006

As surpresas da vida

(postado por Roberta Nunes, ainda embriagada...)

Conheci um cara.
Onde?
Num lugar insólito: um baile.
É, um baile.
Desses que o pessoal que curte dança de salão vai.
Tá, não é meu estilo, eu sei, mas, foi estranho.
Parecia que nada dava certo, e tudo indicava que o caminho era aquele.
Entrada.
Balcão.
Mesa.
Assédio.
E eu vestida de gothic girl, vestido preto, meia-arrastão, bota.
Carência.
Vontade de beijar alguém.
Abraçar alguém.
E, de repente, surge um fulano, com cara de cachorro que caiu da mudança, mais deslocado do que eu ( pelo menos, eu sei dançar...).
Cerveja vai, cerveja vem, Alcione vai, Bruno e Marrone vem...
E, foi inevitável: aconteceu.
Rolou o clima.
Rolou mão-na-mão.
Rolou beijo.
Rolou motel.
Eu não sabia o quanto estava precisando.
Não só do pênis.
Do carinho.
Do beijo
Do olho-no-olho.
Do banho, junto.
Das coisas que não confidenciamos pro nosso melhor amigo, mas que um estranho ouve com toda a atenção do mundo.
Da coca-pós-porre.
Do número do telefone dado.
Será que ele liga?
Será que tem uma esposa?
Tem uma ex?
Será que ama uma moça?
História confusa, que o sol das sete mistura à coca-cola e ao secador de cabelo.
Amei um homem, pela eternidade de uma madrugada quente.
Amei meu reflexo, escovando os dentes num quarto de motel pela manhã.
Meu deus, tenho amado a loucura nos últimos tempos...
(vide posts anteriores)

"Os poetas têm feito maior mal à espécie humana com as suas fábulas e ficções do que os filósofos com as suas teorias e abstrações" (Marquês de Maricá)

6 Comments:

At 5:56 AM, Anonymous Anônimo said...

Um texto simples, com um final muito legal e bem escrito. Gostei!

Beijo

Fernando

 
At 6:39 AM, Anonymous Anônimo said...

É, Roberta, inúmeras vezes
não nos damos conta de quanto precisamos...
do abraço, do beijo, do prazer,
do carinho morno que tanto aquece, do amor, não só de um homem
ou mulher, mas do amigo leal, aquele que nos empresta
atentos ouvidos, enxuga nossas lágrimas, segura nossas mãos,
faz abrir-se em nós largo sorriso.
Aquela pessoa especial
que nos enxerga e faz-nos sentir que verdadeiramente existimos...
Quantas dessas pessoas encontramos em nosso caminho?
E quantas vezes conseguimos ser este alguém para os que conosco convivem?

Feliz por você, minha querida,
seu encontro, reflexo no espelho, madrugada eterna de amor...

E sabe, não acho que os poetas
nos façam mal. Nem os filósofos. De alguma forma nos enriquecem, mesmo quando mostram que deles discordamos.
Não deixa de ser uma maneira de trazer-nos reflexão, ampliando nossas possibilidades de escolha.

Você faz falta!
Beijo grande.
Cecília.

 
At 7:42 AM, Anonymous Anônimo said...

MARAVILHOSO. SEM MEDO DE SE MOSTRAR HUMANA.

O QUE TEM FEITO MAIOR MAL A HUMANIDADE É A "FALTA DE POETAS". MAIS POETAS = MAIS GENTE FELIZ.

 
At 8:36 AM, Anonymous Anônimo said...

"Amei meu reflexo, escovando os dentes num quarto de motel pela manhã.

Meu deus, tenho amado a loucura nos últimos tempos..."

Lindo!


Beijos, Gi

 
At 10:02 AM, Blogger Paulo Castro said...

Ro !!!!

Se for verdade, minnha cara, que alegria !

É isso aí, não só pau, mas papo. E pau, claro. ahahahahaha.

Parabéns, texto embriagado.

Lindo.

Um abração meu, moça.

 
At 8:27 PM, Blogger Camila Fernandes said...

Que surreal, Ro.

E que real!

"Das coisas que não confidenciamos pro nosso melhor amigo, mas que um estranho ouve com toda a atenção do mundo." Af! Todo mundo já deve ter passado por isso. Uma daquelas frases-pérola que tenho a felicidade de ver freqüentemente nos seus textos.

Diante do estranho não há julgamento, não há importância, não há promessas, há só você, ele e o momento.

Bom te ler de novo.

Força.

Beijão.

 

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